terça-feira, 23 de dezembro de 2008

UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE ASUNCIÓN
CURSO DE MAESTRIA EM EDUCACIÓN
DISCIPLINA: CURRÍCULO E EDUCAÇÃO

CONCEPÇÃO CURRICULAR HUMANISTA:
SEGUNDO PESTALOZZI, FREINET E MONTESSORI

CLADIR GAVA COLONETTI
DILENE TAVARES SARDINHA
DÓRIS MARIA DAUFENBACH GOEDERT
GEÓRGIA CRISTINA ANDRADE
MARLI TEREZINHA BORGES

PROFESSOR: DR. EDSON ROBERTO OAIGEN

Asunción
2005

1 INTRODUÇÃO

O propósito fundamental do presente trabalho foi construir uma concepção curricular, tendo como referência os pressupostos de Célestin Freinet, Maria Montessori e Johann Heinrich Pestalozzi, cujas idéias estão integradas à Educação Humanista.
A organização curricular pode ser entendida como um processo abrangente que compreende análises e discussões. Para Coppete (2003, p. 20) “pensar em currículo é falar de pessoas, construção, processo e reflexão de nossa prática pedagógica”.
O sistema de ensino se fundamenta no currículo, que representa o conhecimento organizado e concretizado naquilo que é vivido, sentido e aprendido pelos integrantes do processo educacional, podendo ser percebido nas interações que ocorrem neste contexto.
Sendo assim, o currículo se constitui em uma uma força ativa, que legitima as intenções dos sistemas sociais ligados à escola. Daí a importância de pesquisas que proporcionem referencial teórico para a construção curricular, uma vez que a educação não se constrói de práticas neutras e sim fundamenta-se em crenças e valores, apresentando direções que apontam para determinados resultados esperados.

2 ANALISANDO AUTORES, SEGUNDO A CONCEPÇAO HUMANISTA

Esta pesquisa foi realizada com base nos teórico: Pestalozzi, Freinet e Montessori, por pertencerem as teorias da concepção humanístas, respeitando solicitação e proposta da disciplina em questão

2.1 PESTALOZZI


Johann Heinrich Pestalozzi naceu em 1746 em Zurique (Suiça) e morreu em 1827. A situação educacional na época, controlada pela igreja e privilegiava os ricos, enquanto Pestalozzi introduzia suas reformas, buscando a educação democrática.

A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora. Por isso, um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa. Ou ainda a criança é um ser puro, bom em sua essência e possuidor de uma natureza divina que deveria ser cultivada e descoberta para atingir a plenitude. (Arce apud Revista Nova Escola, 2005, p. 20).

Segundo Pestalozzi, o desenvolvimento se baseia na natureza orgânica da criança, devendo ser respeitada a sua maturação gradativa, sendo fundamental o uso dos sentidos em contato com os objetos (observação e experimentação). O professor propicia condições para o aprendizado. A disciplina se dá na cooperaçăo entre aluno e professor.
Contribuiu na criação de materiais pedagógicos nas diferentes áreas, impulsionou a formação de professores e o estudo da educação como ciência. A educação é meio para o aperfeiçoamente individual e social. Sendo um entusiasta, democratizou a educação e a psicologizou. Enfatizava que a priori, os sentimentos religiosos fossem desenvolvidos na criança.
Somente a educação poderia contribuir para que o povo conservasse os direitos conquistados, isto é, a educação poderia mudar a terrível condição de vida do povo.

Educação se constrói numa tensão permanente entre os desejos do homem natural individual e o desenvolvimento da natureza humana universal. A educação produzirá a universalidade a partir das particularidades e da mesma forma a particularidade a partir da universalidade (NASCIMENTO e MORAES, 2005).

As turmas eram formadas por idade, com horários pré-estabelecidos de permanência na escola com atividades específicas flexíveis. Semanalmente tinham duas tardes livres e realizavam excursões. Condenava a coerção, as recompensas e punições. Comparava a Escola com o lar, priorizando a formaçao moral, política e religiosa.

2.2 FREINET

Célestin Freinet, pedagogo francês, nasceu em 1889 e faleceu em 1996. Criou, na França, a escola moderna de caráter popular popular, criticando a escola tradicional e nova.
A meta que norteou o trabalho desenvolvido por Freinet foi “a construção coletiva do saber” (Revista do Professor, 1993, p. 28).
Subjacente a esta meta, está a concepção de que a democracia passa pela escola, sendo que a relação de homem e mundo acontece pelo trabalho coletivo e a liberdade decide-se em conjunto. Assim, as mudanças necessárias e profundas na educação deveriam ser feitas pela base, ou seja, pelos próprios professores no trabalho com seus alunos.
Freinet “toma como base de suas técnicas e propostas o trabalho que realiza o homem, tanto social como produtivamente, ou seja, o homem como produtor de coisas úteis para o indivíduo e para a sociedade” (Revista do Professor, 1993, p. 29).
Nesta perpectiva, Freinet entende que o trabalho é necessário na vida do ser humano desde a mais tenra idade. A responsabilidade para este tipo de atividade vai sendo desenvolvida na criança por meio dos jogos e brincadeiras, quando ela tem a oportunidade de participar, observar, fazer, criar, relatar, imaginar, buscar algo, tirar conclusões e gostar do que faz.
A pedagogia Freinet é centralizada na criança e baseada sobre alguns princípios: senso de responsabilidade, senso cooperativo, sociabilidade, julgamento pessoal, autonomia, expressão, criatividade, comunicação, reflexão (individual e coletiva) e afetividade.
Atividades desenvolvidas em forma de trabalhos:
· Correspondência interescolar;
· Imprensa escolar;
· Textos individuais corrigidos: Auto correçao e coletivos;
· Aula passeio;
· Livro da vida;
· Fichário de consulta;
· Plano de Trabalho;
A postura do professor neste processo é importante, devendo este ser receptivo às sugestões, realizando seu trabalho com vontade, criando condições para que haja um ambiente de serenidade e afetividade. Também é preciso que ele registre as experiências realizadas, transmitindo-as.
Estabelece um número de 25 alunos por classe, onde a criança é da mesma natureza que o adulto, respeitando seu estado fisiológico, orgânico e constitucional. Ambos não gostam de qualquer prática autoritária. Para trabalhar há necessidade de objetivos e motivaçao (Nascimento e Moraes, 2005).
“A proposta de Freinet gira em torno de quatro eixos – comunicação, cooperação, afetividade, documentação – a que estão ligadas todas as atividades realizadas” (Revista do Professor, 1993, p. 29).
Está previsto na proposta de Freinet o trabalho com lideranças, que exercem funções como provedor, animador, havendo também definição de propostas ou normas pelos integrantes da equipe e a divisão de tarefas, para que o trabalho ocorra de forma mais satisfatória. (Revista do Professor, 1993)
No que se refere aos métodos avaliativos, de acordo com a idéia de Freinet, “(...) a avaliação deve ser feita a partir das propostas determinadas pelas crianças. A frase tenho direito de errar é colocada em todas as salas de aula”.
Neste sentido, a aquisição do conhecimento se dá pela experiência, nao podendo ser mensurada através de notas e classificações.

2.3 MONTESSORI

Maria Montessori era italiana, médica e antropóloga. Nasceu em 1870 e faleceu em 1952. Elaborou uma pedagogia e uma reflexão a partir de seu trabalho prático com crianças. Foi muito mais conhecida, na época, como médica, militante dos direitos femininos e como professora em cursos de Antropologia da Educação do que como pedagoga.
De acordo com a Revista Nova Escola (2005, p. 31) “Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola e a formação integral do jovem, uma educação para a vida”.
Para Montessori, a educação tradicional modelava as crianças, sujeitando-as tiranicamente às concepções adultas. A palavra chave da pedagogia montessoriana é a normalização, que consistia em harmonizar a interação das forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade, isso ocorreria à medida em que elas trabalhassem de modo concentrado e atento, espontaneamente. Para Montessori, a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos. A educação opressora e tradicionalista não permitia a criança a exploração de ambientes e materiais significativos para a criança. Maria Montessori utilizava de uma série de materiais didáticos, organizados em cinco grupos: material de exercícios para a vida cotidiana, material sensorial, de linguagem, de matemática e de ciências. Os materiais utilizados frequentemente eram: quebra-cabeças, letras em madeira ou lixa, diferentes alfabetos para compor palavras, formas variadas, barras de contagem, algarismos em lixa e madeira, conjuntos de contas coloridas etc... O aluno tinha liberdade em escolher seu material e seu uso ocorre a partir do ritmo de cada um. Cada tipo de material é auto-corretivo o que permitia que a própria criança avaliasse seu progresso, trabalhando em ritmo individual. (Centro de Informações MULTIEDUCAÇÃO, MULTI RIO, 2005).
Criou uma série de exercícios como os Exercices de la vie quotidienne que eram úteis à saúde da própria criança, ao meio ambiente e à vida em sociedade. Para ela, a atividade manual e física com objetos definidos, ajudavam à organização interna das crianças. (Centro de Informações MULTIEDUCAÇÃO, MULTI RIO, 2005).
Cabe ressaltar que nas escolas montessorianas, o espaço deve ser cuidadosamente preparado para permitir aos alunos movimentos livres, facilitando o desenvolvimento da independência e iniciativa da criança.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições de Célestin Freinet, Maria Montessori e Johann Heirinch Pestalozzi são extremamente significativas para a construção do currículo escolar. As concepções estudadas convergem para a linha Humanista e sugerem a construção de um currículo que oportunize ao aluno o desenvolvimento de sua autonomia, valorizando seus interesses e necessidades.
Para tanto, é importante que haja um número limitado de alunos na turma. Materias pedagógicos diversificados podem ser utilizados, como jogos, devendo também serem aproveitadas situações espontâneas e recursos do meio para a realização das atividades, oportunizando momentos de criação de forma individual e coletiva. A auto-avaliação é vita como um meio importante para que o aluno construa seu conhecimento, conforme apresenta a matriz curricular construída com base nestas idéias (Anexo 1).
A escola é um espaço de múltiplas vivências, construção de saberes e interações. Neste contexto, o currículo é um instrumento essencial para uma educação transformadora, no sentido de oportunizar à criança a participação em atividades que lhe proporcionem um crescimento enquanto cidadão autônomo e responsável.
Os conflitos sociais se refletem na escola, como explicam os estudos realizados por Freinet. Nesta perspectiva, as instituições educativas assumem fundamental importância na construção da realidade social.
Os países da América Latina absorveram modismos importados da educaçăo européia, impostos pelo neo-liberalismo, nao condizendo com nossa realizadade e muitas vezes deturpados. As condições sócio-econômicas, historicamente perpetuadas, indicam a necessidade de transformações, nas quais a educação faz parte, enquanto precurssora da construção da cidadania.
Ė importante que a concepção Humanista se faça presente nas pesquisas dos professores, na construção do currículo e na sua vivência nas escolas, podendo contribuir para a formação de alunos cidadãos.

REFERÊNCIAS

Centro de Informações MULTIEDUCAÇÃO, MULTI RIO. Maria Montessori e a educação. Rio de Janeiro: Prefeitura Municipal. Disponível em <www.rio.rj.gov.br> Acesso em 21 janeiro. 2004.
COPPETE, Maria Conceição. Currículo. Florianópolis: UDESC/CEAD, 2003.
NASCIMENTO, Cristiane Valéria Furtado do; MORAES, Márcia Andréa Soares de. Os fundamentos psicológicos da educação. Disponível em <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per04.htm>. Acesso em 21 de Janeiro de 2005.
Revista do Professor. Pegagogia de Freinet fundamenta proposta. Porto Alegre, v. 09, n. 33, jan./mar. 1993.
Revista Nova Escola. Grandes pensadores. São Paulo: Abril, 2005.
ZACHARIAS, V. L. C. F. Pestalozzi. Disponível em <http://www.centrorefeducacional.com.br/pestal.html>. Acesso em 21 de Janeiro de 2005.

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