segunda-feira, 10 de agosto de 2009

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Dóris Maria Daufenbach Goedert

Universidad Autónoma de Asunción (Paraguay)


Introdução

O presente artigo aborda sobre as novas estratégias metodológicas da tecnologia da Internet no ensino cotidiano do professor. Atualmente, houve-se da necessidade de utilizar esta tecnologia como nova proposta metodológica, buscando alcançar melhores resultados de aprendizagem no processo educacional. Porém, acredita-se que a realidade quanto ao uso desta tecnologia não é aplicada, ou, talvez, não esteja ao alcance de todos. Em algumas escolas que possuem esta tecnologia, o uso se limita a ilustrações para o professor, enquanto os alunos continuam estáticos em seus lugares.

Em um mundo em que as informações circundam de forma acelerada, a educação precisa cada vez mais ser precursora de mudanças e construção de caminhos para a busca do saber. Muito se fala sobre a tecnologia, mas pouco se faz para dar acesso a esta ferramenta, que exige do professor uma nova postura, pois deverá mediar uma gama de novidades que devem ser trabalhadas em momentos específicos, exigindo uma nova organização do tempo e espaço nas escolas. Então, quando ter aulas presenciais e virtuais? Como proceder quando o meio de informação não mais se limita aos livros e aos conteúdos trazidos pelo professor?

Cabe aqui ressaltar, que o resultado de uma transformação, envolve vários elementos, entre eles:



• Instituição de ensino: que terão de adaptar seus espaços, diferentes das aulas tradicionais, necessitando investimentos para salas virtuais, iniciar suas próprias produções científicas, elaborando sua própria biblioteca com conteúdos elaborados pelos professores e alunos;
• Professor: que deve conscientizar-se que estão conectados analogicamente e necessitam desenvolver propostas metodológicas apropriadas, contemplando a distância, revisando a produção e estimulando a novos saberes. Para isto, necessitam conhecer a tecnologia disponível para a construção do conhecimento;
• Aluno: que é o ponto central da educação e para tanto, necessitamos desenvolver métodos visando seu comprometimento no processo de aprendizagem (Tajra, 2002).


O professor é sem nenhuma dúvida, o que desempenha o papel principal no processo educacional. Segundo Gikovate (2002, p.73): “Cabe-lhe a tarefa crucial de se apresentar várias horas por dia perante uma ou mais platéias heterogêneas e nada fáceis de cativar. Os estudantes são crianças, adolescentes ou adultos jovens e nem sempre estão espontaneamente interessados nos temas que são objeto das aulas que têm de assistir”. Então, como despertar, motivar o processo de aprendizagem? Como a Internet poderá colaborar?

Entende-se que é na mediação pedagógica/aprendizagem, nas ações dos professores perante o processo de ensino que se afeta diretamente o processo de aprendizagem. “[...] a mediação pedagógica ocorre por meio da utilização de todas as tecnologias envolvidas neste processo, considerando, assim, as tecnologias físicas, organizacionais e simbólicas” (Tajra, 2002). Ou seja, tecnologia física, a atuação da aprendizagem intermediada através dos livros, mapas, cadernos, cartazes, vídeos, rádios e computadores, demonstrando que a tecnologia física, não se restringe aos computadores, onde está inserida a Internet. Na tecnologia simbólica, está a atuação intermediária que se aplica à forma escrita, oral, gestos e pictórica. Por fim, a mediação pedagógica com tecnologias organizadoras, que é a metodologia utilizada para promover a aprendizagem, ou seja, as estratégias utilizadas.

A história registra marcos que separam as concepções teóricas, que hora se relata para que se possa analisar, segundo uma nova opção estratégica. Buscando conceituar estas questões, optou-se por quatro autores que dizem haver na aprendizagem, formas diferenciadas de atingi-la, e então, de forma paralela, demonstrar como a Internet se aplica nas mesmas.

Na teoria piagetiana, o sujeito (aluno) é um ser ativo que estabelece relação de troca com o meio-objeto (físico, pessoa, conhecimento) num sistema de relações vivenciadas e significativas, uma vez que este é resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive, adquirindo significação ao ser humano quando o conhecimento é inserido em uma estrutura - isto é o que denomina assimilação. A aprendizagem desse sujeito ativo exige sempre uma atividade organizadora na interação estabelecida entre ele e o conteúdo a ser aprendido, além de estar vinculado sua aprendizagem ao grau de desenvolvimento já alcançado (www.comp.ufla, 2006).

Como afirmado em Coll (apud www.comp.ufla, 2006):

A tendência ao equilíbrio nos intercâmbios funcionais entre o ser humano e o meio no qual vive se encontra no núcleo da explicação genética do desenvolvimento. O duplo jogo da assimilação e da acomodação é presidido pela busca permanente de equilíbrio entre a tendência dos esquemas para assimilar a realidade à qual se aplicam e a tendência de sinal contrário para se acomodar e modificar-se para atender às suas resistências e exigências

Segundo Vigotsty (apud Maciel, 2005), aprendizagem “é um processo puramente exterior, paralelo em certa medida ao processo de desenvolvimento da criança, mas que não participa ativamente neste e não o modifica em absoluto”. A aprendizagem não é desenvolvimento, no entanto, se bem organizada resulta em desenvolvimento. Então, a Internet se bem utilizada, nesta concepção vygotskyana da corrente sócio-cultural, poderá colaborar no que se refere-se a um processo interativo de construção do conhecimento, um aspecto essencial e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas.

A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem e o professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal (Zacharias, 2006).

Brunet (apud www.multirio.rj.gov, 2006), define a aprendizagem como um processo que ocorre internamente, mediado cognitivamente, e não um produto direto do ambiente, das pessoas ou de fatores externos àquele que aprende. Este autor pesquisou o trabalho de sala de aula e desenvolveu uma teoria da instrução, que sugere metas e meios para a ação do educador, fato interessante quando se busca ter na Internet, um meio de acesso a novos conhecimento.

A teoria deste autor leva em consideração a curiosidade do aluno e o papel do professor como instigador dessa curiosidade, daí ser denominada teoria da descoberta. É uma teoria desenvolvimentista, que tenta explicar como a criança, em diferentes etapas da vida, representa o mundo com o qual interage. Não é necessário memorizar e sim descobrir Desde que o objetivo final da aprendizagem é a descoberta, a única maneira de aprender a heurística da descoberta é através do exercício da solução de problemas e do esforço de descobrir.

Por fim, apresenta-se a teoria de Ausubel (apud Teorias Educacionais, 2006), que tem no professor um mediador e no aluno um construtor de seu próprio conhecimento. Nesta concepção significativa, acredita-se que a Internet possa fornecer uma gama de conhecimentos e fazer com que o aluno investigue, buscando novos esquemas de conhecimento. Para este autor, aprendizagem está igualmente comparada a organização e interação do material na estrutura cognitiva (conteúdo total de idéias de um indivíduo e sua organização).

Ausubel preocupa-se com a aprendizagem que ocorre na sala de aula da escola. O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe, e para que ocorra a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de ancoragem.

Aprendizagem de conteúdo verbal com sentido. aquisição e retenção de conhecimentos de maneira “significativa”. O resultado é tão eficaz quanto a aprendizagem por “descoberta”, mais efetivos por economizarem tempo do aprendiz e serem mais tecnicamente organizados. Ausubel se preocupada mais no processo de instrução com a apresentação de conteúdo com sentido, do que com os processos cognitivos do aprendiz. A programação de matérias deve ser feita por meio de uma série hierárquica (em ordem crescente de inclusão), com cada organizador avançado precedendo sua correspondente unidade.

Uma vez identificadas algumas teorias da aprendizagem, define-se então, o que se compreende por Tecnologia na Educação. Segundo Chaves (2006): “[...] é expressão mais abrangente do que “Informática na Educação”, que tradicionalmente privilegia o uso de computadores em sala de aula, ou, mais recentemente, o uso de computadores em rede para conectar a sala de aula com o mundo externo a ela, através da Internet”.

Para o mesmo autor, o termo “Tecnologia na Educação”, representa melhor a expressão que “Tecnologia Educacional”, já que a primeira expressão pode transmitir que a tecnologia foi criada alheia à educação. A fala humana, a escrita, e o livro impresso, também foram inventados, provavelmente, com propósitos menos nobres do que a educação. Hoje, porém, a educação é quase inconcebível sem essas tecnologias e tudo indica que em poucos anos o computador em rede estará, com toda certeza, na mesma categoria.

Compreende-se que a tecnologia seja apenas o meio que pode trazer mudança no processo educacional, permitindo o aprendizado não apenas em lugares fixos, mas ultrapassou-se a barreira da distância quando, através da internet, acessamos informações que antes demoravam ou até não chegavam a tempo de sanar a dúvida no momento em sala de aula.

Segundo Moran (2005), existe grande receio que o processo de aprendizado virtual possa diminuir o nível de ensino. Acredita-se que esta é mais uma questão cultural que deve ser superado brandamente, pois “[...] a qualidade não acontece só por estarmos juntos num mesmo lugar, mas por estabelecermos ações que facilitem a aprendizagem. A escola continua sendo uma referência importante”.

Acredita-se que a tecnologia trará mudanças no comportamento metodológico, pois, segundo Moran (2005):

A educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais; porque sai da figura do professor como centro da informação para incorporar novos papéis como os de mediador, de facilitador, de gestor, de mobilizador.

O uso dos aparatos tecnológicos se aplica a um ilustrador das aulas que são realizados “a moda antiga”, ou seja, o professor fala e o aluno escuta. O tradicionalismo que envolve a cultura escolar traz dificuldades para aceitar mudanças, sejam elas tecnológicas ou outra. Este processo deve acontecer de forma construtiva e lenta, buscando colaborar no processo de formação e transformação dos professores (Moran, 2005).



A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico (Idem).

E como modificar a forma de aprender e ensinar? O discernimento dos momentos presenciais e virtuais deve ser analisado, pois o processo de ensino aprendizagem vive um marco em sua história com a disponibilidade da tecnologia. Como afirma Moran (2005):



Com a Internet estamos começando a ter que modificar a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos de educação continuada, a distância. Só vale a pena estarmos juntos fisicamente - num curso empresarial ou escolar - quando acontece algo significativo, quando aprendemos mais estando juntos do que pesquisando isoladamente nas nossas casas.



Com isto, muitas formas de ensinar se tornam ultrapassadas, confirmando a sensação de alunos e professores, que durante algumas aulas o tempo gasto tal è para desnecessário para àquela aula. Também para Moran (2005) o professor, neste momento, é um facilitador, que procura ajudar na aprendizagem, considerando os limites do conteúdo programático em tempo normal de aula. Assim sendo espera-se do professor que esteja atualizado em sua especialidade, que comunique-se com fluência, que domínio didático, deve saber motivar e manter o grupo alerto, entrosado e produtivo.

Acredita-se, que o uso dos aplicativos tecnológicos, pode colaborar com o processo de aprendizagem, e, assim, faz-se necessário preparar as escolas para receber estas máquinas, habilitar os professores para utilizá-las, principalmente, compreendendo que se trata de uma nova era, uma nova proposta metodológica. Também, se faz necessário traçar novas perspectivas metodológicas, buscando a utilização da tecnologia como aliada no processo de ensino aprendizagem.





Referëncias



__________. (2005). A integração das tecnologias na educação. Disponível em: . Acesso em: 18/12/2005.

__________. (2005). Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Disponível em: . Acesso em: 18/12/2005.

Bruner, J. (2005). Disponível em: . acesso em 18/01/2006.
Chaves, E. O. C. Tecnologia na Educação, Ensino a Distância, e Aprendizagem Mediada pela Tecnologia: Conceituação Básica. Disponible em:
Construtivismo em Piaget. Disponível em . Acesso em 19/01/06.

Gikovate, F. (2002). O papel do professor. In A arte de educar. São Paulo: MG Editores.

Lucas, F. (2001). Literatura e comunicação na era da eletrônica. São Paulo: Cortez. (Coleção Questões da Nossa época: v. 81).

Maciel, A. M. da R. (2005). Concepção sócio-cultural sobre desenvolvimento e aprendizagem. Disponível em . Acesso em 18/01/06.

Moran, J. M. (2005). Para onde caminhamos na educação? Publicado em: 07 de Novembro de 2005. Disponível em: http://www.microsoft.com/brasil/educacao/biblioteca/artigos/nov_05.mspx. Acesso em: 18/12/2005.

Moran, J. M., Masetto, M. & Behrens, M. (2003). Novas tecnologias e mediação pedagógica. (7ª Edição). São Paulo: Papirus.

Tajra, S. F. (2002). Internet na educação: o professor na era digital. São Paulo: Érica.

Teorias Educacional: Um quadro comparativo. Disponível em: . Acesso em 19.01.2006.

Zacharias, V. L. C. F. Lev S. Vygotsky http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html. Acesso em 19.01.06.

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